Maria, Ostensório de Jesus

Servo de Deus Pe. Júlio Maria De Lombaerde

Chama-se “ostensório” o vaso sagrado em que o sacerdote expõe a Hóstia divina à adoração dos fiéis (do latim ostensor, de ostendere, o que mostra). O ostensório dourado, cinzelado, tendo, em meio de raios, o centro reservado para aí ser colocada a Hóstia Santa, é um símbolo perfeito da Santíssima Virgem.

O ostensório é independente da Hóstia Sagrada, mas pela sua organização mostra, salienta e põe em relevo o que adoramos: o Cristo presente diante de nós. O ostensório, por si mesmo, não merece nenhuma veneração. Entretanto é digno de todo respeito, pelo contato que tem com o Corpo de Jesus Cristo, como pelo uso sagrado a que está destinado.

O Ostensório, como objeto, não possui nem virtudes nem dignidade. Porém, suponhamos que fosse uma pessoa racional, viva, que exercesse esta mesma função. Oh! Então tudo mudaria de aspecto. Tal pessoa, pelo seu contato imediato com a Hóstia divina, como pelo seu papel de mostrador de Jesus, deveria necessariamente ser adornada de todas as virtudes, prerrogativas e privilégios. Nada será demais para tamanha dignidade e intimidade.

É o caso da Santíssima Virgem Maria. Ela é verdadeiramente o ostensório de Jesus. É a Igreja que no-lo diz, em seu belo canto “Salve, Rainha”: “Mostrai-nos Jesus, bendito fruto de vosso ventre”.

Estudemos um instante este glorioso ofício da Virgem Santíssima, que é tão bem expresso pela invocação: Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento, em outros termos, mas com a mesma significação: Maria, Ostensório de Jesus.

A vida de Maria Santíssima após a ascensão foi antes de tudo uma vida eucarística, uma vida de adoração, de reparação e de amor. Ela era o primeiro Tabernáculo de Jesus Eucarístico. Era, e devia ser, para sempre o Ostensório Vivo de Jesus no Tabernáculo.

E assim, de Comunhão em Comunhão, a Virgem Santa chegou à sua última Comunhão, que devia ser a coroação de sua vida, e esta coroação foi a morte por amor. Ela foi continuar no céu a Comunhão com o seu Divino Filho, não mais velado, mas sim descoberto, glorioso e triunfante.

Onde está a Hóstia divina, ali deve estar o ostensório. Maria Santíssima está no céu, mas continua aqui na terra o seu ofício de Ostensório Vivo, e onde está Jesus sacramentado, ali está misticamente presente a Virgem Santa, para adorá-lo e apresentá-lo às almas. Ela continua, pois, a ser a Senhora do Santíssimo Sacramento.

Maria Santíssima é o Ostensório Vivo de Jesus, e isto é como que o resumo de todas as suas grandezas. É o seu papel próprio. Como Ostensório de Jesus, ela deve mostra-lo ao mundo. É o tríplice ofício da Virgem Santa: amar a Jesus, fazer-lhe companhia e manifestá-lo ao mundo.

O que acabamos de ver é a prova positiva de que Maria Santíssima exerceu perfeitamente este papel durante a sua vida terrena, e continua a exercê-lo no céu, pois ela é na glória o que era na terra, o Ostensório de Jesus, ou a Virgem do Santíssimo Sacramento.

Ela continua perto de nossos tabernáculos, a adorar, a amar e a apresentar Jesus, como já o fizera durante a sua vida mortal. Convém, pois, que ao aproximarmo-nos de Jesus Sacramentado, nos lembremos da Virgem Santa para, pelas suas mãos, oferecer a Jesus as nossas adorações, o nosso amor e as nossas súplicas.

É a glória, o ofício e a coroa da Virgem Santa, que a Igreja exprime pela invocação: Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento.

[Fonte: Maria e a Eucaristia. Manhumirim-MG: O Lutador, 1937. O presente texto foi integralmente copiado do livro, tomando alguns trechos do Capítulo XIII. Os negritos são do autor. Uma correção ortográfica foi feita de acordo com as normas atuais.]

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