A minha paz... (Jo 14,27-31a) - 30/04/2024

A minha paz... (Jo 14,27-31a) - 30/04/2024

                Eis uma palavra sagrada: a PAZ. Ela se tornou uma saudação cristã: “Paz de Cristo!” Francisco de Assis adotou-a como lema: “Pax et bonum!” Paz e bem! No Sermão da Montanha, Jesus declarou solenemente: “Bem-aventurados os pacificadores!” No texto grego: eirenopoioí – que Chouraqui traduz como “fazedores da paz”.

                Natural, sempre se manifestam os críticos de todo tipo (ateus, agnósticos, desesperados, niilistas, existencialistas, cínicos e muitos outros...) para questionar: - “Que paz é essa, que não se vê em lugar nenhum?” Teria, pois, fracassado a promessa de Jesus?

                A Igreja não sofre de miopia. Ela vê os estragos do ódio e da guerra. Por isso mesmo ela fala: “A paz na terra, anseio profundo de todos os homens de todos os tempos, não se pode estabelecer nem consolidar senão no pleno respeito da ordem instituída por Deus. O progresso da ciência e as invenções da técnica evidenciam que reina uma ordem maravilhosa nos seres vivos e nas forças da natureza. Testemunham, outrossim, a dignidade do homem capaz de desvendar essa ordem e de produzir os meios adequados para dominar essas forças, canalizando-as em seu proveito.

                Contrasta clamorosamente com essa perfeita ordem universal a desordem que reina entre indivíduos e povos, como se as suas mútuas relações não pudessem ser reguladas senão pela força.” (João XXIII, Encíclica Pax in Terris, 1,2.4)

                Ora, de que paz estaria falando Jesus Cristo? O exegeta Louis Bouyer comenta: “A consolação de Cristo para os seus está por inteiro nesta promessa de paz. Não se trata de nenhuma paz deste mundo, como a Pax romana, da qual os israelitas sabiam muito bem como ela podia incluir rigores e dores; trata-se da paz que somente Cristo pode dar, porque ela é o efeito daquele amor único que só ele possui e transmite, e que se revela mais forte do que a morte”.

                É isto que o mundo (com seus críticos) não entende: A “Paz de Cristo” está imune à perseguição e à guerra. Acabo de traduzir um pequeno livro sobre os sofrimentos e torturas que os tiranos (Roma e Coreia) infligiram aos mártires cristãos. Eles não perdiam a paz e a alegria diante de seus ossos quebrados, moídos na roda, assados nas grelhas, esfolados da cabeça aos pés.

                E talvez seja mesmo demais pedir ao mundo sem Deus que entenda a alegria dos mártires. No fundo, é uma questão de amor...

 

Orai sem cessar: “Reine a paz dentro de teus muros!” (Sl 122,7)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
F/ /CNLB BH

 

 

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