Permanecei em mim! (Jo 15,1-8) - 28/04/2024

Permanecei em mim! (Jo 15,1-8) - 28/04/2024

                Jamais esgotaremos a riqueza dos simbolismos que Jesus nos apresenta nesta expressiva alegoria da Videira. Músculos e prata, a videira resistente extrai do solo os nutrientes que irá transformar em energia e doçura, cores e fragrâncias. Sob os raios do sol, produzirá as tonalidades do Bordeaux e os sabores do Valpolicella. Reunida a família, o vinho estreitará os corações, regendo os cânticos festivos e difundindo a alegria renovada. Mas para tudo isso, a uva precisa ser esmagada...

                Jesus Cristo crucificado é a uva madura que se deixou esmagar. Sim, a figura do vinho não foi escolhida por acaso como sinal sacramental. Ao lado do trigo generoso, também os cachos de uva devem ser colhidos, amputados do tronco, levados ao lagar e ali pisados sem piedade.

                Contemplar o Cristo Crucificado significa ter diante dos olhos a imagem daquele que foi calcado pelos homens. Seu sangue pisado é nossa bebida salutar. Sangue todo derramado, distribuído até a última gota, quando a lança aguda do centurião romano rasgou o lado de Jesus, “e imediatamente saiu sangue e água” (Jo 19,34).

                Na celebração da Eucaristia, uma vez alimentados pelo Corpo e Sangue de Cristo, passa a correr em nossas veias o Sangue derramado. Por este sacramento de vida, entramos em íntima comunhão com o Doador universal. Nas palavras ousadas de São Cirilo de Jerusalém, tornamo-nos com Jesus Cristo concorpóreos (sýssomos) e consanguíneos (sýnaimos). De certo modo, nós somos cristificados com ele. Com ele e com sua missão salvadora...

                Daí em diante, como poderíamos negar-nos a ser pisados em benefício dos outros? Como negaríamos nosso esforço e trabalho, suor e cansaço, para ajudar a caminhada de nossos irmãos? Como iríamos, ainda, alimentar projetos de acumulação e glória, comodidade e lazer? Como nos limitaríamos a viver nossa vidinha por conta própria, com nossos interesses pessoais, quando a própria vida de Cristo corre em nossas veias? Quando a cruz do Calvário nos é oferecida?

                Sim, permanecer em Jesus não sai barato. O preço desse amor sem medidas é a cruz partilhada. Desde a áspera subida do Calvário, Simão de Cirene inaugurava tal modo de participação no amor e na cruz de Cristo. Por isso mesmo, talvez, tão poucos escutem o seu convite...

 

Orai sem cessar: “Quem poderá nos separar do amor de Cristo?” (Rm 8,35)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

PALAVRA DE VIDA

F/ Pixabay

 

 

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